A última edição da Época Negócios (Novembro/2011) faz uma bela propaganda do BMG e joga ainda mais luzes na reluzente careca de seu presidente, Ricardo Guimarães.Resolvi separar alguns trechos do mimo por tópicos. Confere aí:
Como está o BMG
“…os Pentagna Guimarães…tudo que vendem é o crédito consignado a servidores públicos municipais, estaduais e federais, além de aposentados e pensionistas do INSS. Esse tipo de operação, que tem baixo risco de inadimplência porque desconta as parcelas devedoras diretamente da folha de pagamento, movimenta hoje no Brasil cerca de R$ 130 bilhões, gerados por pelo menos 60 instituições financeiras. Desse montante, R$ 23 bilhões foram emprestados pelo BMG – 18% do mercado, perdendo apenas para o Banco do Brasil. São números que o levaram ao primeiro lugar no ranking dos 20 bancos mais rentáveis sobre o patrimônio em 2010, segundo o anuário Valor 1000. E que conferem ao BMG perto de 10% de todo crédito à pessoa física gerado hoje no país, independentemente da modalidade.
Quais as perspectivas
Essa maravilha de cenário deve começar a mudar em 2012, impondo ao BMG o desafio de abrir novas fronteiras de atuação – sob pena de ser engolido pela concorrência das grandes instituições bancárias…”Até aqui o BMG foi muito bem sucedido em sua estratégia de atuação no mercado. No entanto, a concentração quase exclusiva de sua atividade no consignado gera pelo menos dois efeitos negativos: o aumento do risco e a perda da oportunidade de fidelização do cliente, que só encontra outros produtos na concorrência”, afirma o ex-diretor do Unibanco Ricardo Mollo. “O consignado continuará sendo nosso principal produto, mas esperamos que a médio prazo represente no máximo 70% dos negócios”, diz Ricardo Guimarães.
O futebol como estratégia
Foi justamente pensando na diversificação de seus produtos que o BMG resolveu, antes de qualquer coisa, vestir a camisa do futebol com o patrocínio do Atlético-MG a partir de Janeiro de 2010. “Lá atrás, isso já era parte da estratégia que hoje está sendo consolidada. A penetração que conseguimos com o consignado nos oferecia a base para crescer. Mas faltava o conhecimento da marca para além do funcionário público e do aposentado. Agora, quando o sujeito vir nosso cartão de crédito, vai dizer ‘as, o BMG eu conheço’, e isso graças ao futebol. São as três letrinhas laranjas, cor essa que todo time quer mudar mas a gente não aceita de jeito nenhum“, diz Ricardo Guimarães. [...]
Maior patrocinador do futebol brasileiro, o BMG estampa o uniforme de 39 clubes, seja em patrocínios de maior envergadura, em que a marca aperece no peito e nas costas, ou nos mais comedidos, em mangas de camisa. A exposição de seu logotipo financia, ainda, três equipes da Superliga masculina de vôlei e duas da feminina; três times de basquete, entre eles o Flamengo; a ginasta Jade Barbosa; o lutador Vitor Belfort e até o apresentador Otávio Mesquita, convertido em piloto da Copa Mercedes…O investimento na chancela esportiva chega a a R$ 60 milhões anuais, mais de 90% de tudo que o banco destina ao marketing.”
Resultados do marketing
Uma série de pesquisas da consultoria independente Sport+Markt, que monitora estratégias de investimento no marketing esportivo em todo o mundo, dá conta da eficiência do modelo de patrocínio pulverizado adotado pelo BMG. Em julho de 2009, o banco aparecia em 92° lugar num ranking de marcas associadas espontaneamente ao futebol brasileiro. Em março deste ano, chegou à 4° posição, superando tradicionais investidores do esporte como Adidas, Brahma, Skol, Coca-Cola, Fiat e Batavo. [As três primeiras colocadas na pesquisa foram Itaú, Nike e Bradesco].
Soccer BR1
Com um pé no futebol, por que não os dois? Em meados do ano passado, os sócios do BMG criaram o fundo de investimento SOccer BR1, para operar a compra e venda de jogadores. O BMG é cotista único do fundo, no qual investiu até agora perto de R$ 50 milhões. Não é dono sozinho do direito econômico de nenhum dos 60 jogadores que possui – seu modelo de negócios privilegia as participações, nunca superiores a 50%. Dessa forma, garante o interesse de outros sócios na venda do atleta, incluindo prioritariamente o clube onde ele atua. “Não adianta investir 100%, porque na hora de vender o cartola diz ‘Poxa, vou criar um desgaste com a torcida e não vou levar nada?’ Aí, faz de tudo para barrar a negociação”, afirma Ricardo Guimarães.
[...]
Segundo Guimarães, o fundo tem “60% de atletas reconhecíveis por alguém que entende de futebol e 40% de jovens apostas”. Até agora, o banco já negociou 13 jogadores, com retorno médio 60% superior ao valor pago na compra. Do Cruzeiro, o BMG vendeu GIl e Henrique. Do Corinthians, Dentinho e Elias. “É mais ou menos como ação em bolsa de valores. Se um jogador aumenta o valor e você não realiza, pode perder a oportunidade”.
Segunda divisão com o Atlético-MG
“Quando o time caiu, a torcida foi para a porta do meu prédio exigindo que eu saísse. Recebi ameaças e telefonemas anônimos. Fizeram passeatas no centro e o meu enterro simbólico. São coisas desagradáveis”, diz Ricardo Guimarães.
Mensalão
Ricardo Guimarães chegou à presidência do banco em 2005, quando presidia o Atlético-MG. Não chegou em boa hora – no mesmo ano, o escândalo do mensalão acabaria por envolver o banco, que havia feito um empréstimo de R$ 10 milhões para Cristiano Paz e Marcos Valério, sócios da agência de propaganda SMP&B. “Eu mesmo, pessoalmente, validei o empréstimo, que era absolutamente normal e tinha todas as garantias. Mandei emprestar o dinheiro e o que mais quisessem“, afirma Flávio Guimarães [pai do Ricardo]. Os sócios do BMG não estão entre os 38 réus que serão julgados pelo STF. O BMG, no entanto, continua sendo chamado de “o banco do Mensalão”.
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