É, realmente, fascinante o bom humor, a “presença de espírito” e a coragem do presidente atleticano Alexandre Kalil. Só mesmo alguém com essas qualidades poderia voltar todas as câmeras, todos os microfones e todos os ouvidos pra ele depois da constrangedora cacetada que o Cruzeiro deu no Atlético no último domingo.
Tudo bem, não é a primeira vez que ele vira o personagem do dia, da semana, da quinzena pelo monte de gracinhas que diz. Mas depois de domingo, ele precisava se superar. E se superou.
Dessa vez, não adiantava só polemizar como uma “celebridade” em busca de holofotes. Dessa vez, as coisas eram muito mais sérias que foram, por exemplo, quando o Atlético tomou de 6 para o Corinthians e ele disse que “o time borrou” ou quando o Atlético tomou de 5 x 0 para o Cruzeiro e ele disse que não tinha ido ao Mineirão porque seu filho tinha saído com seu carro.
Dessa vez, ele precisava falar pra um povo que acabou de sofrer com um tsuname , um terremoto e um vulcão ao mesmo tempo. Mais uma vez, o mundo do atleticano desabou mas desta vez acabou mesmo, “de com força”.
Mas eis que o grande palhaço, o grande artista Alexandre Kalil entrou em cena e… conseguiu fazer os olhos de muitos atleticanos brilharem de novo. Assim…como num passe de mágica.
Como se, mesmo antes do jogo, ele já era considerado o principal responsável pela tal entrega do jogo ao Cruzeiro? Não era ele que tinha almoçado com o Zezé Perrela e com o Ricardo Guimarães para vender o jogo? Depois do 6 x 1, então… tudo indicava que teria o mesmo destino do Muammar Kadhafi.
Mas… que fascinante! Que mágica! Que sedução! Que inteligência! Que sagacidade! Que encanto!
Em pouquissimo tempo, após 1/2 dúzia de palavras, Kalil já havia conseguido deixar de ser réu para se transformar na grande vítima. Ele passou mel na ponta da língua e voou em cada boca atleticana para compartilhar seu doce.
Relembre com que palavras – astutas, mágicas, sedutoras, encantadas – ele conseguiu fazer muitos atleticanos desistirem da idéia de suicídio ou, para os mais moderados, da promessa de nunca mais torcer para “essa merda”, “essa porcaria”, “essa desgraça”:
“A torcida do Atlético não merece a vergonha que passou hoje. Eu cansei de prometer, de fazer. Eu tinha prometido um bicho de um milhão de reais, que está sendo cancelado. Eu dei o bicho e acabo de tomar”.
“O bicho foi dado só que não foi dada a data. Então, ele pode ser entregue uma hora que a torcida faça um clamor pra pagar o bicho que eles mereçam ou pode ser em 2052″.
“E se alguém achar… se algum jogador do Atlético achar que merece um prêmio, vá na imprensa, põe a cara e fala assim: ‘eu mereço o prêmio’ e vem cá no caixa e busca. Entendeu?”
“Dá a impressão, e até eu acho, que houve um acerto para entregar o jogo para o Cruzeiro, tamanha desmobilização e descompromisso. Eu me reuni com os jogadores e disse a eles que era o jogo mais importante da história do clube. Eu sou o mais envergonhado, não vou sair para a rua, pois tenho vergonha na cara”,
“Uma tragédia que, definitivamente, eu não aceito. Pisar na nossa alma não vão mais. Na minha gestão, não. Isso não é perder um jogo, isso é pisar na alma do atleticano”.
“O que fizeram ontem em campo não foi perder o jogo, foi pisar no nosso coração. É isso que eu não aceito. ‘Ah perdeu pro Cruzeiro, ganhou do Cruzeiro…’ isso é a coisa mais normal do mundo. Mas pisar no nosso coração, na nossa alma, isso eu não aceito e não vai acontecer mais. Então, pisou de lá, toma pisada de cá”.
Todos – atleticanos, imprensa, patrocinadores e, inclusive, cruzeirenses – precisam de um maestro como ele. Afinal, ninguém quer ver o circo arriar a lona.
Nenhum comentário:
Postar um comentário