29 de nov. de 2011

ONU inventa relatório sobre a Síria e "abre os olhos" do mundo.

Imagine você na sexta, sétima série do Ensino Fundamental…aprendendo sobre a ONU, essa coisa que os  encenadores da II Guerra Mundial criaram para resolver os problemas da humanidade. 

Com que senso de respeitabilidade você ouviria falar sobre um Relatório feito pela – olha como o nome é potente -  Organização das Nações Unidas! (Fala verdade, quando você ouviu esse nome pela primeira vez, você acreditou que o mundo dos grandes políticos, grandes estadistas, grandes diplomatas era coisa séria, não é?)

Então…ontem a ONU – essa coisa estranha – divulgou por aí um desses relatórios. Você já imaginou se a sua professora do Ensino Fundamental te desse um trabalho parecido com esse: fazer um relatório sobre…é…sobre quantas crianças, do seu bairro, entre 8 e 10 anos não têm bicicleta. Pronto! Com que responsabilidade você encararia essa tarefa? Lembre-se que um trabalho desse, se bem feito, pode lhe render um emprego na ONU futuramente; seu sonho. Você levaria o negócio a sério, tenho certeza.

Mas o pessoal da ONU, não. Faz um relatório sobre uma guerra  – civil na Síria – assim…de qualquer jeito; e anunciam a coisa como se um grupo de cientistas revelasse o resultado de um trabalho de décadas.

Não, nenhum dos relatores da Comissão Internacional Independente de Investigação da ONU esteve na Síria nos últimos 10 meses mas o tal Relatório Independente está pronto e com números “precisos”. Diz, por exemplo, que desde o início do Relatório, em Março, até a conclusão, em 9 de Novembro, 256 crianças foram mortas por responsabilidade do governo de Bashar Assad, o ditador que parte da população quer ver seguindo o mesmo rumo de Ben Ali (Tunísia), Hosni Mubarak (Egito) ou pior, Muammar Kadafi (Líbia).

Todo o conteúdo do pomposo Relatório Independente teve como fonte entrevista com 223 pessoas. Que pessoas são essas? Paulo Sérgio Pinheiro disse que não pode revelar “por questão de segurança”, citou Skype, twitter e telefone como meios de obter informação e justificou bem: ” Não tivemos acesso à Síria; tivemos acesso à informação”. Bonito mas de paupérrimo para um Relatório de uma Comissão da Organizações das Nações Unidas, você não acha?

Mas Paulo César Pinheiro foi honesto, pelo menos, numa dessas muitas entrevistas que deu ontem à imprensa brasileira: “O objetivo do Relatório é dar visibilidade ao que está acontecendo na Síria”.

Ah, bom! Então, se é por uma causa nobre, vale a pena inventar um Relatório. Concordo. Só não sei porquê – mas desconfio muito – o mundo precisa de um Relatório da ONU pra dar mais atenção a um país onde as pessoas estão se matando.

Mas eu entendi. Agora, o mundo todo está sabendo que na Síria pratricam crimes contra a humanidade (só porque a ONU avisou) e agora aquela turma nobre que cuida dos Direituzumanus já pode fazer alguma coisa pelos  cadáveres sírios.

Ah, e aquela turma não menos nobre do Conselho de Segurança, também, já pode decidir: deixam os sírios se matando enquanto alguns se divertem e outros ignoram ou chegou a hora de apimentar ainda mais aquela apaixonante relação Estados Unidos x Rússia…?

Eu estou apostando. Um lado vai começar a dizer que é hora de uma intervenção na Síria. O outro vai fingir discordar e aí…quem viver verá.

Será que dessa vez, finalmente, vamos conseguir esclarer o capítulo 17 do livro de Isaías?

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