
Mas a morte foi ontem. Hoje, Gelson Domingos é só estatística.
Até porque nenhum “especialista”, nenhum colega de profissão, nenhuma Associação ousou questionar o tal “papel da imprensa” na guerra diária entre policiais e bandidos.
Afinal, estão todos convencidos, seguros, anestesiados de que um repórter no meio de um tiroteiro é uma atividade nobre, um serviço de utilidade pública: estão nos mantendo informados.
Uma ova!!!
Tudo não passa de uma estúpida guerra pela audiência, uma boçal espetacularização da violência.Tudo plenamente justificado pela…audiência… de estúpidos.
Mas, claro, é preciso considerar que um repórter que participa da guerra diária entre bandidos e policiais, não é vítima só do estúpido telespectador/ouvinte/leitor e do seu empregador.
Muitos são, além dos outros, vítimas de si mesmos. São “apaixonados” pelo que fazem e consideram a coisa mais importante do mundo o registro de uma imagem, de uma declaração, principalmente, em situações de risco.
Mas talvez o melhor seja, mesmo, ficar com a sensação de que foi apenas um caso isolado e que a morte de “só mais um” não justifique a reflexão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário