10 de jan. de 2012

O Papa e o comprometido presente da humanidade.

Verdadeiramente torna-se sombrio o mundo, quando não é iluminado pela luz divina! Verdadeiramente fica na escuridão o mundo, quando o homem deixa de reconhecer a sua ligação com o Criador, pondo assim em perigo também as suas relações com as outras criaturas e com a própria criação. (Bento XVI em 09 de janeiro de 2011)


Está por aí em todos os sites mau intencionados, mal informados e mal informantes a manchete: "O Papa afirmou que o casamento gay compromete o futuro da humanidade". Mentira, canalhice: Bento XVI não disse isso. E nem adianta afinar o latim porque o que não foi dito intraduzível está.

O que o pretenso representante de Deus na Terra fez foi um breve exercício de seu direito e dever: um discurso em defesa de princípios que ele e outros bilhões confessam acreditar.

E eis o presente da humanidade comprometido: ninguém mais consegue expressar em paz os princípios de sua fé. Nem o Papa. Um presente compreensível, também, muito porquê há mais de 160 anos muitas das cabeças influentes do mundo, entre políticos, escritores, publicitários e noveleiros têm como bíblia o Manifesto do Partido Comunista (uma citação que alguns não vão entender e outros vão ironizar).
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Liberdade Religiosa. Disso, Bento XVI disse: "...é bem compreensível que uma obra educativa eficaz exija igualmente o respeito da liberdade religiosa. Esta caracteriza-se por uma dimensão individual, bem como por uma dimensão colectiva e uma dimensão institucional. Trata-se do primeiro dos direitos do homem, porque expressa a realidade mais fundamental da pessoa. Muitas vezes, por variados motivos, este direito é ainda limitado ou espezinhado. Não posso evocar este tema sem começar por saudar a memória do ministro paquistanês Shahbaz Bhatti, cuja luta incansável pelos direitos das minorias terminou com uma morte trágica. E não se trata, infelizmente, dum caso único. Em numerosos países, os cristãos são privados dos direitos fundamentais e postos à margem da vida pública; noutros, sofrem ataques violentos contra as suas igrejas e as suas casas. Às vezes, vêem-se constrangidos a abandonar países que eles mesmos ajudaram a edificar, por causa de tensões contínuas e por políticas que frequentemente os relegam para a condição de espectadores secundários da vida nacional. Noutras partes do mundo, encontram-se políticas tendentes a marginalizar o papel da religião na vida social, como se ela fosse causa de intolerância em vez de uma apreciável contribuição na educação para o respeito da dignidade humana, para a justiça e a paz. O terrorismo religiosamente motivado ceifou, no ano passado, também numerosas vítimas, sobretudo na Ásia e na África. Por esta razão, como lembrei em Assis, os responsáveis religiosos devem repetir, com vigor e firmeza, que "esta não é a verdadeira natureza da religião. Ao contrário, é a sua deturpação e contribui para a sua destruição". A religião não pode ser usada como pretexto para pôr de lado as regras da justiça e do direito em favor do bem que ela persegue".

Falou sobre liberdade religiosa citando, em outros pontos, casos específicos de países marcados por intolerância religiosa. E se falou de problemas antigos do presente, não poderia deixar de provocar, o sentimento central do cristianismo, a esperança. Voltou-se aos jovens: O Beato João Paulo II lembrava que "o caminho da paz é também o caminho dos jovens", constituindo eles "a juventude das nações e das sociedades, a juventude de todas as famílias e da humanidade inteira". Por isso, os jovens pressionam-nos para que sejam consideradas seriamente as suas exigências de verdade, justiça e paz. Nesta linha, foi a eles que dediquei a Mensagem anual para a celebração do Dia Mundial da Paz, intitulada "Educar os jovens para a justiça e a paz". A educação é um tema crucial para todas as gerações, pois depende dela tanto o desenvolvimento saudável de cada pessoa como o futuro da sociedade inteira.

Se falou em esperança, em futuro, em juventude, não deixaria de fazer referência ao que ele e bilhões de fiéis acreditam ser a base de toda sociedade: a família. "Para além de um objetivo claro, como é o de levar os jovens a um pleno conhecimento da realidade e, consequentemente, da verdade, a educação tem necessidade de lugares. Dentre estes, conta-se em primeiro lugar a família, fundada sobre o matrimónio entre um homem e uma mulher; não se trata duma simples convenção social, mas antes da célula fundamental de toda a sociedade. Por conseguinte, as políticas que atentam contra a família ameaçam a dignidade humana e o próprio futuro da humanidade. O quadro familiar é fundamental no percurso educativo e para o próprio desenvolvimento dos indivíduos e dos Estados; consequentemente, são necessárias políticas que o valorizem e colaborem para a sua coesão social e diálogo. É na família que a pessoa se abre ao mundo e à vida e, como tive ocasião de lembrar durante a minha viagem à Croácia, "a abertura à vida é um sinal da abertura ao futuro".

O Papa não disse o que dizem que ele disse e mesmo se tivesse dito não teria dito nada que justificasse tanta  purpurina. Mas eu sei que não adianta argumentar. Quanto mais distorcido, menos refletido, menos analisado e, claro, menos lido, melhor, especialmente para um monte de aproveitadores infelizes militantes de causas e causas. O futuro da humanidade está, sim, comprometido. Essencialmente por uma causa: a ignorância.

2 comentários:

  1. Ponha fogos de artifício num simples formigueiro, e quando ele estourar, as pessoas dirão ser o fim do mundo, onde as formigas caem do céu...

    Fogos de artifício, isso mesmo, é tudo que parece importar, não o formigueiro, amigo Daniel.

    Muita gente ainda se aproveita das atrocidades cometidas pela "santa igreja" nas épocas medievais, atribuindo a ela os males do mundo de hoje. Faz parte, o mundo cão vende, o mar manso cansa...

    Não consigo aceitar qualquer religião para minha prática pessoal, mas não consigo imaginar o mundo à deriva sem uma base religiosa, por mais que me contradiza com isso.

    Pobre Papa Ratzinger, pagará por todos quando se manifestar. Triste humanidade, que esconde sua própria hipocrisia pelas palavras dos outros...

    Forte abraço,

    Marcos

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