Em dois meses mais de 2500 relatos de mulheres e crianças estupradas só em Mogadíscio, capital da Somália.
Essa mulher é só mais uma das milhares de vitímas de mulheres somalis abrigadas na casa de paredes azuis que sedia o instituto The Elmam Peace e o Centro de Direitos Humanos em Mogadíscio, capital da Somália.
Vítimas na Somália? Quem não é?
Pense em tudo de pior que você já ouviu, viu e e leu sobre a África. Tudo mesmo. Agora, coloque tudo isso dentro de uma única cidade. Essa cidadae é Mogadíscio. Fome, muita fome. Doenças, muitas doenças. Guerras, muitas guerras internas. Sangue, muito sangue. Miséria, muita miséria.
Num inferno desse, como que será a vida, especificamente, das mulheres?
Segundo pesquisa da Fundação Thomson Reuters, publicada em Junho de 2011, a Somália é o 5° pior país do mundo para as mulheres.
Difícil é imaginar que existe lugar pior no mundo do que um país onde 98% das meninas sofrem mutilação genital. E esse é um tipo de violência...digamos...cultural. O que eu quero dizer com isso? Que esse tipo de violência é considerada aceitável, quando, no máximo, discutível, por muitos especialistas influentes nessas mesas internacionais que "pensam" o mundo.
Como se não bastasse a "violência cultural", a maioria das mulheres somalis não são mais que escravas, utilizadas como meros objetos para vários fins por seus "donos".
Estupros nunca foram raridades. Pelo contrário. Mas como não há nada ruim que não possa ser piorado, nos últimos anos, as mulheres da Somália têm sido, como nunca, vítimas de disputas políticas e religiosas.Um grupo radical islâmico, o Al- Shabab, tem espalhado ainda mais terror entre as mulheres do país. São vários os relatos colhidos, inclusive, pela ONU, de casos de estupros e assassinatos.
Segundo a maioria das mulheres que conseguem escapar, as mulheres, de várias idades, inclusive crianças, são obrigadas ou a se casarem e/ou a manterem relações sexuais com os membros do Al-Shabab que se dizem defensores do Islã puro. As mulheres que se recusam são estupradas e muitas mortas a pedradas em frente à familia e toda comunidade.
É no meio desse inferno, que Fartun Adan, uma mãe de 3 filhos que teve o marido assassinado no páis, em 1996, luta para amenizar o sofrimento das mulheres vítimas de toda espécie de violência na Somália. Desde 2007, quando retornou do Canadá, para onde fugiu depois da morte do marido, Fartun mantém a The Elmam Peace uma fundação que recebe o apoio da ONU. E é essa a casa azul em questão: a casa sede da The Elmam Peace do Centro dos Direitos Humanos que tem página no facebook.
Na Somália até a bandeira é azul. Os sonhos, como cantou o Tim Maia, também devem ser.
Imagens: The New York Times
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