O Cruzeiro abre a temporada do futebol mineiro neste próximo domingo, 22, num amistoso contra o América no belo Parque do Sabiá, em Uberlândia.
"É só o primeiro jogo da temporada", dirão todos após o jogo, pra justificar qualquer coisa, independentemente do resultado e do desempenho coletivo e individual.
E, realmente, o primeiro amistoso da temporada é só o primeiro jogo amistoso da temporada.
Ano passado, por exemplo, nem os 7 primeiros jogos na Libertadores foram suficientes para se fazer um diagnóstico preciso do time, imagine o primeiro amistoso da temporada!
O Cruzeiro inicia 2012 vindo de uma das temporadas mais dramáticas de sua história. De "Barcelona das Américas" eliminado da Libertadores, dentro de casa, por um Once Caldas, passando por mais uma conquista de Campeonato Mineiro, lutando contra o rebaixamento até a última rodada do Campeonato Brasileiro. Uma temporada encerrada, simplesmente, com um 6 x 1 sobre o sofrido rival.
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Mas de 2011, o que está servindo de referência para o Cruzeiro em 2012?
Nove jogadores contratados, por enquanto. Isso explica muita coisa. Baseado nessa evidência uma das respostas mais plausíveis para a pergunta anterior é: o time/elenco precisava de uma considerável reformulação.
Marcos (lateral-direito), Mateus e Thiago Carvalho (zagueiros), Gilson (lateral-esquerdo), Amaral, Diego Arias, Rudnei e Marcelo Oliveira (meiocampistas) e Walter (atacante).
Estrelas? Só as 5 do escudo. Nove jogadores questionáveis. Na média do que é a realidade do empobrecido futebol brasileiro. Inquestionáveis, tem uma meia dúzia por aí. O resto é aposta.
Apostas que podem propiciar surpreendentes resultados. Isso depende de alguns fatores, entre eles, a competência do treinador.
Álias, desde 2007, quando o Paulo Autuori foi substituído pelo Dorival Jr., os bons desempenhos do Cruzeiro em competições se deveu muito, mas muito, mesmo, à competência do treinador. Dorival Jr., que reformulou um time arrebentado e classificou o Cruzeiro pra Libertadores e Adilson Batista, finalista da Libertadores 2009, foram, claro, os principais.
Não sei o que o Vágner Mancini pode fazer com o elenco que tem à disposição. Não saberia nem se fosse o Pep Guardiola ou o Jose Mourinho. O que está claro é que terá uma excelente oportunidade pra provar sua capacidade. Naquela linha: quanto maior o desafio, maior a oportunidade.
Mas nem tudo são pedras a dar leite no caminho do coach cruzeirense. Seu trabalho será muito facilitado com a permanência de um dos pouquissimos jogadores diferenciados do futebol brasileiro.
Montillo, por enquanto, fica apesar de todo assédio financeiro, principalmente, ao jogador mas, também, ao clube. Tudo indica que o Cruzeiro não está em sua, digamos, melhor fase financeira.
10 ou 8 milhões de euros para um clube que não recebe as maiores cotas de TV, que não recebe os maiores patrocínios de empresas privadas nem dinheiro de estatal como outros clubes por aí, nem tem 100 mil sócios como os gaúchos, ah...faz muita diferença nesse momento de hiperinflação dos salários de jogadores, inclusive os cabeças-de-bagre.
E é aí que eu justifico o título do post.
Se o presidente do clube ainda fosse o Zezé Perrela, Montillo já teria estreiado pelo Corinthians. E Zezé teria justificado a negociação com as mesmas frases que ele decorou e repetiu nos últimos anos. Frases e argumentos plausíveis, sim, porém, carregadas de conformismo. Há muitos anos, Zezé não tinha mais a mesma ambição, o mesmo ímpeto que o levou a ser considerado, com justiça, um excelente cartola. Prestou impagáveis serviços ao clube mas não tinha mais a chama acesa.
Gilvan de Pinho Tavares assumiu com enorme desconfiança. Seria o continuismo do que teve de pior na era Perrela?
Nem que seja apenas para provar que não, a postura, pelo menos em público, do novo presidente do Cruzeiro é diferente daquele conformismo de seu antecessor.
Manter o Montillo no Cruzeiro até agora é, antes de qualquer coisa, uma postura de quem não se acomoda com a tal "realidade", com a tal "disparidade financeira" em relação a alguns clubes de Rio e de São Paulo, como vivia repetindo o ex-presidente e seus papagaios.
As contratações pra 2012, realmente, são modestas, apesar de não estarem aquém da média do futebol brasileiro. Mas tudo indica que as coisas estariam muito pior com o ex-presidente que não teria contratado melhor e já teria vendido o Montillo.
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