24 de set. de 2013

Ainda sobre a coragem, o otimismo e a honestidade intelectual do ministro Celso de Mello.

Só agora pude assistir à performance do ministro Celso de Mello na histórica sessão do STF da última quarta-feira. Como evento histórico, nunca é passado demais para considerações. "Histórica", fundamentalmente, porque estava cercada de expectativa pela possibilidade de marcar uma mudança no rumo da história do modus operandi da Justiça brasileira, caracterizada por excessos de recursos e demora no encerramento dos processos.

Celso de Mello não surpreendeu, não decepcionou. Votou a favor dos interesses dos mensaleiros. Ao fim do vídeo quase caí na tentação de me dar por satisfeito por acreditar na sua honestidade intelectual, por considerar bem mais que razoável sua retórica e por admirar seu vasto saber jurídico. Mello, mais uma vez, provou ser daqueles virtuosos para quem sempre vale o princípio " discordo do que dizes mas defenderei até a morte o teu direito de o dizeres".

No caso específico da quarta-feira, discordei, considerei exagerado, desnecessário, destemperado, até, o tom que utilizou, em suas premissas, para reafirmar a independência, a autonomia do judiciário em relação às pressões da "opinião pública". Se achou que não poderia evitar tais considerações, deveria fazê-las, também, em relação às pressões dos detentores de poder financeiro e político; minorias, sim, mas não menos relevantes que as da maioria.

Faltou esse fator de equilíbrio na argumentação do virtuoso ministro. Mas não faltou, claro, embasamento jurídico, e, melhor, como eu já disse, honestidade intelectual. Honestidade que não interessa nenhum pouco aos vigaristas intelectuais, fantasistas da linguagem que defendem seus mensaleiros por mera, rasteira afinidade política, ideológica e estariam demonizando o ministro se ele tivesse contrariado o interesse da corja, mesmo com outro embasamento jurídico e a mesma honestidade intelectual.

Os métodos de interpretação da norma amparados na jurisprudência dos valores considerados por Celso de Mello, mantém a Justiça brasileira num rumo histórico adequado aos princípios, aos fundamentos da construção de um "mundo ideal" que as pessoas de bem acreditam ser possível. No nosso caso, nosso problema não é, de jeito nenhum, o cabimento dos embargos infringentes, esse direito garantido aos mensaleiros. Nosso problema é a falta de honestidade intelectual, é o que podem fazer desse nosso gosto, desse nosso apreço pelo excesso de liberalismo. Nosso problema é imprevisibilidade da Lei das consequências não intencionais.

Mas é preciso louvar a coragem e o otimismo do virtuoso Celso de Mello que defendeu o direito dos mensaleiros mesmo após essa sua consideração aos seus feitos:

"Em mais de 44 anos de atuação na área jurídica nunca presenciei caso em que o delito de quadrilha se apresentasse, a meu juízo, tão nitidamente caracterizado em todos os seus elementos constitutivos...Tenho por inteiramente comprovada a acusação penal fundada na imputação aos réus do crime de quadrilha por entender configurados todos os elementos e requisitos que lhe compõem a estrutura típica.

Formou-se, senhor presidente, na cúpula do poder, à margem da lei e do direito e ao arrepio dos bons costumes administrativos um estranho e pernicioso sodalício constituído de altos dirigentes governamentais e partidários unidos por um comum desígnio, por um vínculo associativo estável que buscava conferir operacionalidade, exiquibilidade e eficácia ao objetivo espúrio por eles estabelecidos: cometer crimes, qualquer crime, agindo nos subterrâneos do poder como conspiradores à sombra do Estado para, assim procedendo, vulnerar, transgredir, lesionar a paz pública que representa em sua dimensão concreta, enquanto expressão da tranquilidade da ordem e da segurança geral e coletiva o bem jurídico posto sob a égide e a proteção das leis e da autoridade do Estado. A isso, sr. presidente, a essa sociedade de delinquentes, a essa societas delinquencium, o direito penal brasileiro dá um nome: o de QUADRILHA ou BANDO."

30 de ago. de 2013

Vaia aos médicos cubanos. Fidel Castro não é negro. Dilma Rousseff não é negra. Alexandre Padilha não é negro.

É, realmente, comovente  de "arrupeiá" a alma, de fazer cócegas no orgulho da gente perceber o quanto nossa sociedade abomina o racismo. Mas digno de respeito, mesmo, é a eficiência dos exploradores desses "espíritos elevados", os tratando como meros idiotas úteis em prol de suas causas. É uma espécie de banalização do bem.

Vejam o caso da vaia aos médicos cubanos; negros, pra sorte dos exploradores de anti-racistas. Ali, os médicos brasileiros vaiaram tudo, menos a cor da pelo dos mãos-de-obra do comunismo. Em cada "uuuuuuuhhh!" podia ser ouvido o nome do Fidel Castro, da Dilma Rousseff, do Alexandre Padilha, de cada Zé-camisa e Maria-camisa do Che Guevara, pra cada vândalo-todynho,GAP da USP, pra histérica Marilena Chauí, pro Lula, pro Foro de São Paulo, pro Lewandowski, pra GloboNews e pro Thales Guaracy, novo diretor da Playboy que misturou a cabeluda da Nanda Costa com as barbas de Fidel e Che. Teve vaia até pro cadáver do Hugo Chávez que tinha tanta fé na medicina cubana. Só não teve vaia pra cor da pele dos cubanos.

Mas os exploradores de idiotas úteis, os banalizadores do bem, mais uma vez, não perderam a oportunidade pra mudar o foco da discussão em torno da vinda dos mãos-de-obra comunista para o Brasil. Nesta semana, o 1º lugar no trending topic do Facebook foi a imagem do médico cubano - negro, pra sorte dos exploradores - atrelada a uma "leitura de contexto" vagabunda e oportunista.

O que, realmente, é de interesse de todos e estava em discussão era a necessidade do recrutamento e a forma de exploração dos mãos-de-obra cubanos, era o financiamento do regime de Fidel pelo governo brasileiro, era o que fez o PT nos últimos 10 anos pela Saúde no Brasil, era sobre a infraestrutura dos hospitais públicos e postos de saúde, sobre as condições de trabalho dos nossos médicos.

Já não é mais. Agora interessa saber se você é racista ou não. Por qualquer tentativa de argumentação, você será acusado de racista pelos  banalizadores do bem e pelos idiotas úteis, cheios de boas intençoes e envergonhados com "a imagem que envergonha o país".

28 de ago. de 2013

Obama: Do not forget! I'm black.

50 anos após o marcante "I have a dream" de Martin Luter King, Barack Obama já provou aos  frustrados racistas do mundo inteiro que o negro pode ser  tão  falso-bom-mocinho quanto o branco, tão cínico quanto o branco, tão canalha quanto o branco e, no caso do negro americano,tão anti-americano quanto o branco.

Obama era uma "litle children" de 2 anos de idade, quando Martin sonhava: "I have a dream! That my four little children will one day live in a nation where they will not be judged by the color of their skin but by the content of their character".

40 anos após o assassinato de Martin, Obama foi eleito presidente dos Estados Unidos. Não pela cor de sua pele. Nem pelo seu caráter. Muito pelo seu anti-americanismo. Principalmente pelo seu cinismo dissimulado em sua fascinante retórica de líder de grêmio estudantil.

Nas manchetes dos jornais do mundo inteiro, no dia seguinte da eleição, Obama entrou para a história como "O primeiro presidente negro dos Estados Unidos". Com um charme a mais: "40 anos após o assassinato de Martin Luther King".

Hoje, às vésperas de mais uma missão anti-americana no Oriente Médio, Obama dará mais um showzinho de oratória nas escadas do Lincoln Memorial, local do marcante "I have a dream" do Martin. Fará seu articulado jogo de palavras pra lembrar aos americanos e ao mundo que é negro e pedir que não o julguem por seu caráter mas, pela cor de sua pele.

25 de mai. de 2013

A árdua missão de Pep Guardiola: não atrapalhar.


Enquanto as pessoas especulavam se Mario Göetze iria comomerar ou não gols e o possível título do Borussia, eu imaginava o que se passava pela cabeça do Pep Guardiola. O que é melhor para um treinador: assumir um clube sedento por títulos ou um clube que acabou de conquistar tudo? Aposto que Guardiola conviveu com esse dilema nos últimos dias. E aposto mais: conviverá com essa pressão nos próximos meses.

O Bayern do aposentado Jupp Heynckes conquistou tudo que importa na temporada 2012/2013. E conquistou sem nenhuma dependência do acaso; conquistou com méritos, fazendo História, com elementos de revolução, com perspectivas de uma "nova era", sendo muito superior a seus adversários, massacrando o conceito, a filosofia Barcelona.

Ao assumir esse Bayern, Guardiola terá sua inteligência, seu bom senso e seu ego postos à prova. É um ótimo desafio, de altíssimo nível em todos os aspectos; o que todo homem acima da média gostaria de ter.

O responsável pelo revolucionário Barcelona, tem seus princípios, seus valores, seu jeito de ver e fazer futebol e terá direito, moral e autonomia para implementar sua filosofia no Bayern campeão de tudo.

Nem tudo é tão bom que não possa ser melhorado. Isso vale para o Bayern e para o Guardiola. Se não atrapalhar, se não criar conflitos por falta de bom senso, se não querer mexer demais no que está dando certo por mera ideologia, o reverenciado treinador já estará dando provas de que é, realmente, um cara acima da média.

11 de mar. de 2013

A Fome do Nordeste não existe mais.

Deu no UOL: "Moradores do Piauí comem rato-rabudo para matar fome na seca"

A Fome do Nordeste não existe mais. Até Dom Hélder Câmara negaria esse fenômeno.

A Fome do Nordeste foi um movimento, um tipo de modismo, criado pelo arcebispo Dom Hélder Câmara, na década de 60, logo após o Concílio Vaticano II. (No Brasil, o Concílio Vaticano II foi aproveitado por parte da Igreja para instituir o padre sem cristianismo, o pade ativista, o padre de passeata, o padre religioso de seita marxista).

A Fome do Nordeste fez tanto sucesso que, além de ajudar a promover Dom Hélder a 4 indicações ao Prêmio Nobel da Paz, tornou-se o termo mais utilizado por todos os brasileiros para retratar os problemas sociais do país durante 40 anos. Da década de 60 até o inínio do século XXI, todo brasileiro conhecia e falava sobre a Fome do Nordeste, todo jornal e revista dava manchetes para a Fome do Nordeste, todo telejornal invadia as salas nas horas de descanso do trabalhador brasileiro para mostrar as imagens da Fome do Nordeste.

A Fome do Nordeste só deixou de existir a partir de 2002 com a chegada do PT a presidência da república. Desde então, a Igreja do Santo Marx no Brasil deixou de promover a Fome do Nordeste, a imprensa não noticia mais a Fome do Nordeste, o brasileiro não discute e não lamenta mais a Fome do Nordeste.

A Fome do Nordeste não existe mais. Nordestinos passando fome, sim. Mas só em alguns momentos de descuido notícia como essa é publicada. Afinal, os problemas sociais no Brasil acabaram por decreto do departamento de marketing do governo petista.

7 de mar. de 2013

A Conmebol, o Corinthians e a sede dos camelos justiceiros.

"CONMEBOL LIBERA TORCIDA DO CORINTHIANS PARA JOGOS EM CASA".
 
Justo! A Conmebol não tem obrigação de matar a sede (de justiça) do camelo brasileiro.

Correta a decisão da Conmebol, mesmo que pra retificar uma decisão sua precipitada, tomada com pouca ou nenhuma reflexão, pra atender os anseios dos sedentos camelos justiceiros. Afinal, por que punir o Corinthians que não era o mandante da partida, que, por isso, não tinha a responsabilidade da segurança do evento e não tem nenhuma responsabilidade legal com as atitudes de seus torcedores? Por que, punir o Corinthians e não o San Jose, o clube mandante e, portanto, responsável pela segurança no estádio? E por que punir quem não vendeu, não comprou, não transportou, não atirou e nem mesmo sabia do artefato que matou o adolescente boliviano?

"Aaaah...mas alguém tem que ser punido." "Aaaah...mas é preciso ter uma punição pra servir de exemplo." É muito camelo com sede pro meu gosto. Brasileiro convive com essa sensação de impunidade, de injustiça e quer usar qualquer oportunidade pra matar sua sede, sem qualquer reflexão que vai além do senso comum, do imediatismo e do senso de justiceiro. O San Jose, a polícia bolivina e a própria Conmebol têm muito mais responsabilidades pela morte do garoto do que o Corinthians e a esmagadora maioria de seus torcedores.

Outro sintoma da sede, é a demonstração de incapacidade pra assimilar uma tragédia como essa, como eu percebi de 2 ou 3 sociologos que eu li no Blog do Juca e no Estadão defendendo, inclusive, a paralização da Libertadores para que a sociedade aproveite a oportunidade para refletir sobre a "situação". Aaah...para! Cada um que conviva com sua incapacidade, com sua precariedade psiquica para assimilar esses fatos. Mas sugerir que o mundo pare pra que a gente re-aprenda a valorizar a vida humana, como os que eu li sugeriram, é vertigem.

Quando a gente diz "a vida segue", não deve ser dito nem interpretado como que por falta de coisa melhor pra se dizer. A vida segue e os camelos precisam aprender a passar por esse tipo de deserto e esperar hora e jeito certos de matar a sede.

6 de mar. de 2013

Política é coisa de gay?

Claro que sim. É coisa de gay, de negro, de mulher, de branco, de índio, de rico, de pobre, de professor, de policial, de empresário, de empregado, de cristão, de macumbeiro, de ateu, de criança, de adolescente, de idoso...e até de animal.

Mas nos últimos anos ninguém tem sido mais ativo que os gays. O último exemplo é a gritaria contra a indicação do pastor evangélico, deputado feredal Marco Feliciano para a presidência da CNDHC (Comissão Nacional para os Direitos Humanos e a Cidadania) da Câmara, especialmente por suas declarações contrárias ao homossexualismo.

As nomeações dos corruptos condenados José Genoino e João Paulo Cunha e de Paulo Maluf para a Comissão de Constituição e Justiça e do acusado e investigado Gabriel Chalita para a presidência da Comissão de Educação de Educação da Câmara não provocaram reações.

Pode-se concordar ou não com o homossexualismo, reclamar do radicalismo do ativismo gay e até classificar como "ditadura gay" - como também fez o próprio Marco Feliciano, hoje, em sua coluna na Folha - o exercício político de seus militantes. Mas é preciso fazer política. E política não é coisa só de gay.

5 de mar. de 2013

Hugo Chavéz morreu no mesmo dia de Stalin.

--
Por falta de data melhor, Hugo Chavéz morreu no mesmo dia de Stálin. Che Guevara morreu em Outubro, Simon Bolívar só em Dezembro e Fidel ainda não escolheu a data. (Melhor sorte teve Tancredo Neves que <<morreram ele>> no mesmo dia de Tiradentes).

60 anos da morte do injustiçado Stálin.

Ele fez tudo pra ser reconhecido como o homem mais odiável, detestável, o maior genocida da história. Mas os contadores da história não foram tão generosos com ele como foram com seu coirmão Adolf Hitler. O azar de Stálin foi - e continua sendo - ter entre os contadores de história muitos simpatizantes do comunismo, o que levou e leva esses historiadores a ignorar sua coleção de cadáveres. Outro fator que não contribuiu para o sucesso de Stálin foi ter matado gente menos influente que os judeus. Qualquer analfabeto funcional sai da escola sabendo quem foi Hitler mas ignorando quem foi Stálin. Uma das maiores injustiças da história. Esse defunto merece um "Dia da Consciência Biográfica" dedicado a ele. 

Que o diabo o tenha!